O desafio das mulheres na construção civil
- Nunes Engenharia
- 7 de jun. de 2024
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Imagine um canteiro de obras. Movimentação intensa, estruturas sendo erguidas, e um ambiente onde a maioria dos trabalhadores são homens.

As mulheres na construção civil são raras, especialmente em posições de liderança. Essa realidade é refletida em uma pesquisa realizada pelo Portal AECweb e o Sienge Comunidade, em conjunto com o Ecossistema Tecnológico na Indústria da Construção, da Softplan. O estudo revelou que 77% dos profissionais do setor acreditam que ainda existe preconceito contra a atuação feminina.
Foram entrevistados 619 funcionários, dos quais 68% eram mulheres arquitetas e engenheiras. O ambiente machista é considerado um dos principais fatores limitantes na carreira de mulheres, sendo citado por 16% dos entrevistados. Além disso, 15% denunciaram casos de assédio sexual e moral. No entanto, há um lado positivo: 65% dos entrevistados afirmaram que, nas suas empresas, homens e mulheres são tratados de forma igualitária.

A experiência de uma das engenheiras civis que foi entrevistada, ilustra bem esses desafios. Em 2009, ao entrar em uma obra pela primeira vez, ela percebeu imediatamente a diferença no tratamento recebido. Os dias eram exaustivos tanto física quanto mentalmente.
"Às vezes, o desrespeito velado vem de cima, normalmente de pessoas que possam sentir sua autoridade questionada", conta outra profissional entrevistada, também engenheira.
Antes mesmo de ingressarem no mercado de trabalho, as mulheres já enfrentam desafios significativos na universidade. A pesquisa indicou que 68% dos profissionais acreditam que é mais difícil para uma mulher alcançar uma posição de destaque na construção civil. Esse cenário leva muitas mulheres a optarem pelo empreendedorismo como alternativa.
A desigualdade começa bem antes
Estudos mostram que as mulheres enfrentam preconceitos desde o início de suas formações acadêmicas. Comentários depreciativos e a falta de representatividade feminina nas disciplinas técnicas podem desmotivar muitas aspirantes a engenheiras.

Apesar dos desafios, há sinais de progresso. Iniciativas de grandes empresas para promover a diversidade de gênero estão ganhando força. Programas de mentoria, treinamentos de sensibilização sobre preconceitos inconscientes e políticas rigorosas contra o assédio são passos importantes para criar um ambiente mais inclusivo.
Além disso, o papel das associações profissionais e sindicatos é crucial. Eles podem atuar como catalisadores de mudança, promovendo a igualdade de oportunidades e apoiando mulheres em suas trajetórias profissionais.
À medida que mais mulheres entram e se destacam na engenharia civil, a indústria se aproxima de um futuro mais inclusivo e equitativo. Com o esforço conjunto de empresas, instituições educacionais e profissionais, é possível transformar o cenário atual e abrir caminho para que cada vez mais mulheres possam liderar projetos, equipes e mudanças significativas na construção civil.